Ela foi adotada aos 6 anos e devolvida pela família aos 13
Sem preparo e proteção, adoções podem deixar marcas profundas na infância: a história de Jaqueline expõe as falhas de um passado negligente e a importância da burocracia no presente
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A história de Jaqueline é um exemplo poderoso e, ao mesmo tempo, doloroso de como processos adotivos sem preparo e sem proteção podem deixar marcas profundas em uma criança.
Adotada nos anos 1980, "à moda brasileira", aos seis anos, sem qualquer amparo legal ou acompanhamento, Jaqueline enfrentou violência, devolução e anos de insegurança, passando de casa em casa como alguém sem raízes, sem apoio e sem perspectiva.
A história dela é um lembrete de como o processo de adoção no passado muitas vezes ignorava o mais importante: o bem-estar e os direitos da criança.
A ideia de que se "dava uma criança para uma família" predominava, como se fosse um favor ou uma troca simples, sem considerar as necessidades emocionais, físicas e psicológicas daquele indivíduo.
Hoje, muitos comentários que recebemos nas histórias sobre adoção reclamam da demora, da fila extensa e da burocracia no processo adotivo. De fato, é um caminho que exige paciência. Mas há uma razão importante para isso.
As medidas protetivas e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) mudaram essa lógica: agora, não se encontra uma criança para uma família, mas uma família para uma criança. É a segurança da criança e do adolescente em primeiro lugar.
E isso faz toda a diferença.

A burocracia que tanto incomoda tem como objetivo proteger as crianças e garantir que elas sejam acolhidas por famílias preparadas, capazes de oferecer amor, segurança e estabilidade.
É para evitar que histórias como a de Jaqueline se repitam — para que nenhuma criança seja devolvida como se fosse um objeto ou passe por experiências que as levem a acreditar que "ninguém as quer".
Jaqueline lutou para ressignificar sua vida. Hoje, ela transforma sua dor em propósito, escrevendo um livro e defendendo a causa das crianças devolvidas. Sua mensagem é clara: criança não é descartável.
Essa história nos convida a refletir: o que realmente importa no processo de adoção? É o ego, a vontade ou “o sonho” dos pais, ou é a certeza de que aquela criança terá um lar onde será amada e respeitada?
A burocracia é grande, mas é assim que garantimos que nenhuma criança seja entregue a uma família despreparada ou que não está pronta para assumir o compromisso que a adoção exige.
Que a história de Jaqueline seja um convite para enxergarmos além da burocracia e entendermos que, por trás de cada medida, existe o desejo de proteger quem mais importa nesse processo: as crianças.
Assista à história toda aqui: